
A Comissão Especial de Desburocratização e Empreendedorismo (Cede/CMV) recebeu nesta segunda-feira (19), quatro especialistas nas áreas de Engenharia Civil e Arquitetura, para discutir como o BIM (Modelagem da Informação da Construção) – uma plataforma que reúne diversos softwares de edificação – pode auxiliar a Prefeitura de Vitória a reduzir os índices de problemas e custos excessivos nas obras públicas do município e, ao mesmo tempo,elevar o seu desempenho em todas as fases de um projeto.
O presidente da Comissão, o vereador Mazinho dos Anjos (PSD),convidou:
- a arquiteta, mestra em Engenharia Civil e coordenadora e professora de MBA em Gerenciamento da Construção Civil Com Enfoque na Plataforma BIM, Marianne Cortes Cavalcante Faroni;
- professora doutora do Departamento de Engenharia Civil da Ufes e coordenadora do Laboratório de Engenharia Simultânea e Building Information Modeling (Labes BIM-Ufes), Luciana Aparecida Netto de Jesus;
- e os representantes do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA-ES) e da Associação Brasileira de Engenheiros Civis (Abenc-ES), Floris Uyttenhove e Pedro Henrique Negreiros.
Oque é BIM? Para que serve e porquê usá-lo?
Marianne Faroni explicou à Cede/CMV o que é o BIM, suas vantagens para as obras públicas, como tirar o máximo de proveito dele e em que fase da construção ele pode ser implantado.

O BIM é um modelo virtual, formado por um conjunto de softwares, e que não é constituído apenas de geometria e texturas para efeito de visualização. Trata-se de uma construção virtual equivalente a uma edificação real, possuindo muitos detalhes em relação à composição de todo o processo de construção. Isso permite simulara edificação com riqueza de informações mesmo antes da obra ser iniciada, durante e após sua conclusão.
“É uma plataforma que pode diminuir todos esses contratempos que enfrentamos atualmente, como problemas com aditivos, obras paralisadas, trabalhos atrasados”, exemplificou Marianne. “Então o BIM seria uma forma de auxiliar a resolver esses problemas”.
Ouso do BIM fora e dentro do Brasil
O BIM já é obrigatório em vários países, como Inglaterra, Chile,Suécia, Noruega e Dinamarca. A tendência é que seu uso se amplie cada vez mais. No Brasil, existe um Decreto que criou uma comissão para definir como o BIM vai ser implementado no país.
“Comisso serão criados novos postos de trabalho com novas funções. E,além do setor público, o setor privado já está utilizando o BIM. Outra razão para aderir à nova tecnologia é que ela fortalece a questão da sustentabilidade, com maior desempenho ambiental e que pode propiciar para todos os que a estão utilizando, um empreendimento com maiores informações durante todo o seu ciclo devida”, explicou.
A especialista informou ainda que o BIM não é só um modelo virtual em 3D. “É muito mais que isso: existe a dimensão 4D, que é toda a parte de planejamento de obras; a dimensão 5D com os quantitativos para gerar custos e orçamentos em relação ao empreendimento; a 6D, que é de uso, operação e manutenção e a 7D, que é a de análises de sustentabilidade e análises ambientais.Outras dimensões podem ser descobertas”, destacou.

Ela acrescentou também que, dessa forma, o BIM concentra informações que permitem mais rapidez, maior detalhamento, melhores análises de viabilidade, com um processo de informação mais eficiente entre todos os profissionais envolvidos e o próprio cliente, pois trabalha com um modelo compartilhado”, avaliou.
UFES investe em universitários interessados em trabalhar com BIM
Luciana Aparecida Netto de Jesus, abordou o tema pelo ângulo da formação de mão-de-obra com formação em BIM. O Labes BIM funciona na Ufes e atende alunos de graduação, iniciação científica e mestrado,para que todos tenham acesso a softwares BIM. “Nosso objetivo é prepará-los para o mercado já capacitados em BIM, que é a tendência atual. Isso começa no terceiro período da faculdade”,afirmou.
“Para conseguirmos alcançar esse objetivo, nós estamos trabalhando na atualização do Projeto Pedagógico do Curso para o próximo ano,incluindo disciplinas com caráter interdisciplinar, trabalhando com softwares BIM, para que o aluno desenvolva todas as especialidades dentro dessa plataforma”, destacou.
Cases de sucesso a partir do uso da Plataforma BIM
“Para conseguirmos alcançar esse objetivo, nós estamos trabalhando na atualização do Projeto Pedagógico do Curso para o próximo ano,incluindo disciplinas com caráter interdisciplinar, trabalhando com softwares BIM, para que o aluno desenvolva todas as especialidades dentro dessa plataforma”, destacou.

Em nome do CREA-ES, o Floris Uyttenhove contou sobre a empresa, que ele e outros profissionais de Engenharia e Arquitetura criaram,totalmente voltada para atuar no mercado usando a plataforma BIM. Já Pedro Henrique Negreiros detalhou dois cases em que a metodologia foi usada com sucesso pela empresa.
“O BIM não é uma solução para todos os problemas, mas é uma ferramenta muito útil que a gente tem usado para ter um ganho de desempenho e outros benefícios”, ressaltou Floris.
Pedro contou que se perguntou quando esta tecnologia chegaria ao mercado local, ao ouvir sobre a BIM pela primeira vez. “Posso dizer que hoje nós estamos em um nível bom, comparando com São Paulo e outros estados. Com os softwares BIM temos a vantagem, além da integração física, da integração do software, do mesmo arquivo,o que traz muitos benefícios. Porque quanto antes você age na alteração de um projeto, mais você economiza esforço e custo.Muitas alterações acontecem na etapa da construção, o que atrasa e encarece a obra e o BIM ajuda bastante a evitar isso. A economia com o BIM é de 10% em média, chegando a 20% no caso dos insumos”,afirmou.

Segundo ele, o BIM, que já é obrigatório para obras públicas no Reino Unido, oferece muito mais transparência também. “Você passa a construir virtualmente com mais exatidão, economia, e com estimativas mais assertivas para o seu orçamento e o seu quantitativo, porque até então não existia uma ferramenta para garantir maior confiabilidade nos dados”, disse.
Para exemplificar ele citou os cases do Facilitá Camburi, em Vitória, e o do Edifício Santa Maria, em Brasília:
“No primeiro case, a empresa fez o executivo das estruturas e a modelagem de um projeto já existente. Teve todo um processo e identificamos numa área construída 2.800 conflitos espaciais. Nem todos tão simples de resolver. Lembrando que consertar no computador é mais fácil e barato do que na construção”, observou ele, entre outros benefícios do uso dos softwares.
O segundo case, de Brasília, foi mais simples, porque já foi projetado em BIM, permitindo que, à medida que fossem identificados conflitos espaciais, eles fossem corrigidos em tempo real. “Você não está desenhando mais, você está construindo virtualmente,facilitando a visualização. Com os desenhos normais e em 3D, mas também com o QR Code e a visão 360º, permitindo uma visualização muito mais fácil e realista, e evitando erros de construção. Fica mais barato, mais rápido e evita retrabalho. Imagine isso para a realidade de obras públicas, escolas, hospitais”, acrescentou.
No final, foi realizado um debate sobre os aspectos técnicos que envolvem o BIM e sua aplicação na vida pública. “Gostaria de acrescentar que o BIM é uma ferramenta muito boa, mas ele não tira a responsabilidade técnica dos projetistas e de quem está executando. Não adianta você ter um software muito bom, mas nas mãos de quem não sabe usá-lo”, finalizou Floris Uyttenhove.

Sobre a Comissão de Desburocratização e Empreendedorismo
A Cede/CMV é uma comissão especial e está no seu segundo ano de atuação. Criada e presidida pelo vereador Mazinho dos Anjos, a Comissão de Desburocratização se reúne quinzenalmente na Câmara de Vitória, com entidades de diversos setores públicos e privados,para discutir o combate ao excesso de burocracia na Prefeitura de Vitória, apresentar soluções com o objetivo de melhorar o ambiente de negócios na capital.
Participam da Comissão os vereadores Sandro Parrini (como vice-presidente),Davi Esmael, Luiz Paulo Amorim, Dalto Neves, Cleber Felix e Nathan Medeiros.
Com informações da Comunicação da Câmara de Vitória